Está em busca de dicas de Machu Picchu, no Peru?
Foram 22 dias, três países, diferentes voos, ônibus, trens, hotéis, hostels, cinco dias de trilhas, montanhas, turistas de diferentes regiões do planeta e, pôr fim, a impressionante vista de Machu Picchu, no Peru. Conhecer as ruínas indígenas da América Latina não é tarefa simples, mas a paixão pelo país, a gastronomia diversificada, as belezas naturais e as verdadeiras aulas de história ao ar livre descortinam um novo Peru a cada dia.
João Vitor Nicolau Araújo, nosso especialista na área de Eventos aqui na TripService, traz um olhar muito especial sobre o destino, com dicas de Machu Picchu. A misteriosa cidade dos Incas mistura o real e o imaginário em doses perfeitas de natureza, cultura e misticismo. Desde sua descoberta oficial, em 24 de julho de 1911, pelo norte americano Hiram Bingham, Machu Picchu é considerado um dos monumentos arqueológicos e arquitetônicos mais importantes do mundo.
A cidade foi construída a 2.400 metros de altitude, no topo de uma grande montanha com abismos que chegam a 400 metros e possui uma área de um quilômetro quadrado. Durante quatro séculos, ficou escondida na selva e era conhecida apenas pelos moradores locais, que sabiam da existência de uma cidade em ruínas.
Confira DICAS DE MACHU PICCHU com detalhes desta viagem incrível.
Viajante: João Vitor Nicolau Araújo
Destino: Machu Picchu (Peru)
Período da viagem: a viagem completa foi de 8 a 29 de dezembro de 2019. Em Machu Picchu, esteve de 20 a 24 de dezembro. Para mim, esse foi o período adequado por se tratar de baixa temporada e com pouco movimento, o que facilitou conhecer os pontos turísticos com um fluxo menor de pessoas.
Companhia de viagem: Viajei com um amigo de infância (Gabriel)
Planejamento do roteiro: O roteiro que organizamos passou pelo Chile, Bolívia e Peru. Optamos por começar pela capital do Chile, Santiago, porque seria o melhor ponto de partida para o roteiro e porque as passagens do Brasil para Santiago tendem a ser mais econômicas. No Chile, passamos também por San Pedro de Atacama. Na Bolívia, Salar de Uyuni e La Paz. No Peru, visitamos Cusco e Machu Picchu.
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Eu e o Gabriel já tínhamos conversado com amigos que foram para o destino e deram dicas de Machu Picchu, com detalhes incríveis sobre o lugar. Também lemos algumas matérias na internet que diziam sobre o local ter uma energia muito forte por conta de toda sua história. Desta forma, decidimos colocar a região como último destino do roteiro, encerrando a viagem.
Experiência de viagem: para chegar até as ruínas, primeiro é preciso ir para Cusco, pequena cidade do Peru onde é oferecida uma diversidade de passeios, incluindo opções para ir a Machu Picchu de van, trem ou caminhando por trilhas. O Gabriel escolheu ir e voltar de van, com duração de dois dias até chegar as ruínas. Eu escolhi fazer a Trilha de Salkantay, que tem duração de 5 dias.
A minha viagem começou às 6h do dia 20 de dezembro, saindo de Cusco, em um ônibus com mais 25 pessoas de diversos países do mundo. Dentre eles, turistas da Nova Zelândia, África do Sul, Argentina, Alemanha, Canadá, Israel, Áustria, Suíça, Holanda, Inglaterra e Estados Unidos.
Quando percebi que era o único brasileiro naquele ônibus confesso que fiquei assustado, mas ansioso para saber como seria passar cinco dias com aquelas pessoas. Também me preocupei quando entendi que, por mais que tivesse estudado o destino, não havia me preparado o bastante para aquela aventura. Usava uma mochila simples, uma bota maior que o meu pé, calça jeans e casacos simples. Meus colegas de aventura tinham mochilas de trilha, roupas impermeáveis e equipamentos profissionais. Apesar do “susto”, não desanimei, pensei positivo!
Todas as pessoas do grupo falavam inglês, mas cada um com um sotaque bastante carregado. Era bastante difícil de se comunicar e eu tive que resgatar um inglês que nem sei de onde tirei. Com a ajuda de mímicas, consegui me comunicar bem. No primeiro dia todos estavam tímidos e bastante tensos por causa do caminho assustador até chegar no primeiro ponto de parada.
Viajamos em um ônibus comum, por caminhos estreitos na beira de um penhasco. Parecia que a cada curva o ônibus despencaria. Após chegarmos no primeiro acampamento, começamos com o pé direito. O lugar era muito lindo, ao lado de um rio, próximo de uma montanha nevada, com uma noite estrelada.
Lugares incríveis caminho: no acampamento, conhecemos a Laguna Humantay. Foi o lugar mais incrível que já conheci, depois de Machu Picchu. Parecia cenário de filme. Após uma noite de sono, acordamos cedo para iniciar a caminhada mais difícil: o topo da montanha Salkantay. Para acordar os trilheiros, os guias batem na porta e servem um chá da folha de coca, pois melhora a respiração na altitude e dá energia para a caminhada intensa. Desde o começo da trilha, podíamos ver lindas paisagens, rios, cachoeiras e montanhas. Me sentia em um filme de ficção científica a todo o momento.
No caminho, era bastante frio e úmido, e quanto mais andávamos, mais sentíamos os efeitos da altitude, como dor de cabeça, enjoo, falta de ar e mal estar. Uma das dicas de Machu Picchu mais importantes: durante a caminhada é preciso manter a concentração e respirar no ritmo certo para melhorar o desempenho. Mesmo fazendo isso, dá para ver os colegas sofrendo muito. Alguns até pensam em desistir de tanto esforço que se faz. Caso alguém desista, é possível contratar um cavalo para carregar a pessoa até o ponto desejado.
Depois de muito caminhar, chegamos no topo da montanha, a 4.600 metros de altitude. Nesse momento aconteceu um dos auges da trilha. Estávamos felizes pela conquista, que envolve a quebra de barreiras físicas e psicológicas. Depois de comemorar e tirar algumas fotos, o guia começou a contar as histórias do local e rituais do povo inca que ali vivia. Foi emocionante!
Se a subida foi de “tirar o fôlego”, a descida foi mais ainda. Passamos por vários outros lugares fantásticos, as paisagens mudando a todo momento, até que entramos em uma neblina intensa que impedia enxergar mais que 10 metros à frente. Por esse motivo, nesse momento da neblina, o grupo acabou se separando e eu me perdi. Foi bem assustador, mas logo encontrei outras pessoas que iam para o mesmo destino e os acompanhei.
A hospedagem seguinte foi em hostel e tinha que pagar cinco soles (aproximadamente cinco reais) para tomar banho quente em um banheiro improvisado. Depois de jantar, fomos dormir cedo, porque o cansaço era enorme. No dia seguinte, acordamos, tomamos café da manhã, chá de coca e voltamos à caminhada. Era o terceiro dia e começamos a descer. A floresta começou a ficar densa e o calor aumentou bastante, bem diferente do cenário dos primeiros dias.
Durante toda a trilha atravessamos muitas pontes, mas, nesse dia, passamos por uma que era um bondinho preso em um cabo de aço e dava muito medo. Dormimos em barracas montadas dentro de uma pousada e, como seria a última noite em que todo o grupo estaria junto, os guias organizaram uma festa de despedida bem animada. No dia seguinte, continuamos em um caminho de mata densa e de clima muito úmido até chegamos no Pueblo de Macho Picchu, porta de entrada para as ruínas.
O local é um povoado construído no meio de montanhas, muito diferente de qualquer lugar que já visitei. Dormimos em um hostel nessa cidade. Para entrar em Machu Picchu é necessário comprar o ingresso com hora marcada. Muitas pessoas recomendam que se visite as ruínas no nascer ou no pôr do sol. Seguindo as recomendações, eu e o Gabriel compramos o ingresso para entrada às 6h.
Durante a viagem fizemos um grande amigo, chamado Pedro, que comprou o ingresso no mesmo horário para ir com a gente. Quando chegou o grande dia de subir a montanha, acordei cedo fui para a entrada da trilha, encontrei os meus amigos e começamos a subida.
Enfim, as ruínas: a subida para Machu Picchu é bastante cansativa, já que é bem íngreme e com vários degraus. Você sobe um monte e, quando pensa que está quase chegando, falta o dobro. Depois de dias intensos, de chegar aos extremos físicos e psicológicos, ficar sem sinal de telefone em praticamente todo caminho, não falar absolutamente nada em português, dormir em colchonete, tomar banho em lugares estranhos (e alguns dias nem ter onde tomar banho) e caminhar muito, chegamos no topo de Machu Picchu.
Por incrível que pareça não dava para ver nada, porque estava nublado! Demos muita risada. Depois de um tempo, as nuvens saíram e conseguimos ver tudo e caminhar no meio das ruínas, que parecem um labirinto de tão grande. Para motivar as pessoas que pensam que não são capazes de subir a Machu Picchu por conta do cansaço, aqui vai uma dica: vi um grupo de idosos no topo da montanha. Eles compraram o serviço de van e foi possível conhecer aquele lugar tão especial.
A descida foi bem difícil porque as pernas já estavam fracas, mas seguimos adiante. Chegando no final da trilha e da experiência única e incrível, pegamos o trem para retornar a Cusco, onde passamos mais um dia para descansar e retornar para o Brasil.
Destaque da viagem: vi muitos lugares surreais durante a viagem, mas o momento que mais me encantou foi no último dia da trilha, quando tive uma longa conversa com o guia. Ele me contou muitos dos ideais dos incas, que explicavam os princípios da vida. Naquele momento, senti que evolui pessoalmente e me conectei com o verdadeiro significado daquela viagem. Dentre os princípios que o guia me ensinou foram o Pachamama, o Kay Pacha, o Uku Pacha e o Hanan Pacha. Para mim, isso mostra que as viagens vão muito além de conhecer lugares e tirar fotos. Elas servem para o autoconhecimento, se conectar com as pessoas, apreciar a comida, conhecer a cultura e a história dos lugares.
Melhor tipo de transporte: é possível chegar de van, trem ou algumas opções de trilha. Depende muito das características e interesses de cada viajante. Na trilha que fiz, que achei bem puxada, tinha uma mulher de 49 anos. Idade não é documento, o importante é explorar as possibilidades.
Serviço especializado: é preciso contratar os serviços de uma agência de receptivo para fazer a trilha. O fundamental é pesquisar as avaliações dessas empresas e consultar a sua agência de viagens antes de se aventurar e contratar o serviço direto na internet. Há empresas que oferecem passeios por preços abaixo da média, mas com qualidade duvidosa. É aquele velho ditado: se não pesquisar bem, o barato pode sair caro.
Melhor período para visitar: a melhor época para visitar é de abril a novembro, sendo que julho e agosto são os períodos de altíssima temporada. De novembro a março, as ocorrências de chuva são mais intensas e podem ocorrer deslizamentos de terra, que são perigosos. Eu mesmo vi alguns deslizamentos durante o período que estive lá e realmente dá um pouco de medo. Nesses casos é fundamental andar sempre atento.
Exigências do destino: passaporte e, embora não obrigatória, recomenda-se certificado internacional de vacina contra febre amarela.
Moeda local: Novo Sol Peruano (mais conhecido como Soles)
O que levar na mala: bota de trilha (fundamental), roupas impermeáveis, roupas de esporte, repelente, protetor solar, toalha, carregador portátil, celular, água.
Lugar que superou as expectativas: Laguna Humantay
Culinária local que tem que provar: ceviche
Dica de compras/souvenirs: uma lembrancinha clássica e que todos gostam é a miniatura de lhama, que pode ser imã de geladeira ou chaveiro.
Dica de especialista: uma das dicas de Machu Picchu mais importante é para o momento de comprar os passeios. Consulte o seu agente de viagens e pesquise na internet as agências receptivas com melhor avaliação e opte por essas. Em Cusco, há pessoas oferecendo passeio por preços baixos, mas a qualidade é duvidosa.
Dica de ouro: pesquise o máximo de informações possíveis antes da viagem converse com pessoas que já foram e que podem dar dicas de Machu Picchu. Se possível, conte com a ajuda de uma agência de viagens com experiência. Outra sugestão importantíssima é comprar o ingresso de entrada em Machu Picchu com bastante antecedência, pois os acessos nas ruínas são limitados e acabam rápido. E cuide-se com o mal de altitude! Algumas pessoas não sentem os efeitos tão fortes, mas outras se sentem muito mal e existem formas de reduzi-los.
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