Quando se trata de segurança do viajante, a pandemia deixará uma marca na maneira como vivemos e viajamos. À medida que a rotina de viagens é retomada, fica evidente a necessidade de adotar um protocolo padrão para garantir a saúde e segurança do viajante corporativo que precise se deslocar. Praticar o distanciamento social, adotar o uso de Equipamentos de Proteção Individual (EPI) em praticamente todas as etapas da viagem e manter condutas responsáveis são fundamentais.
Se antes da pandemia o fator determinante de aprovação de uma viagem era o custo, esse fator mudou completamente. As empresas estão adaptando seus modelos de aprovação para garantir que apenas deslocamentos essenciais sejam realizados neste período.
A pergunta é: como controlar e definir se uma viagem é ou não essencial?
COMO CATEGORIZAR VIAGENS ESSENCIAIS E NÃO ESSENCIAIS?
Nesse contexto, vale a empresa e o viajante corporativo fazerem uma pergunta simples e funcional: é necessária minha presença no local ou consigo resolver o assunto remotamente, utilizando a tecnologia para reuniões virtuais através de aplicativos como Skype, Zoom, Hangout, Teams e tantas outras?
“Sabemos que o olho no olho é insubstituível, mas o momento exige posturas diferentes. A mudança cultural deixa de ser uma opção e passa a ser uma obrigação”, explica Cibeli de Oliveira, diretora comercial da TripService, empresa especializada em gestão de viagens e eventos corporativos.
Para garantir a segurança do viajante e que ele se desloque apenas em casos realmente necessários, muitas empresas estão ajustando temporariamente seus sistemas de reserva de viagens. Com a ajuda da tecnologia, as corporações têm a oportunidade de incluir avisos e orientações aos colaboradores, como também podem alterar processos de aprovação. Nesse sentido, segundo Beatriz Gorisch, executiva de contas corporativas da TripService, as tecnologias colaboram diretamente na gestão dos processos. É possível, por exemplo, incluir notificações gerais à equipe, bloqueios para determinados destinos e criar níveis adicionais de aprovação de viagem, incluindo a área de RH ou de Gestão de Riscos.
MAS, AFINAL, É SEGURO VIAJAR?
Esta é uma pergunta complexa. A segurança em qualquer deslocamento, seja ele ao supermercado ou a outro estado, dependerá dos cuidados e das responsabilidades individuais.
Neste contexto, vale também um cuidado e uma reflexão extra com a segurança do viajante e das pessoas consideradas do grupo de risco. Será que realmente vale a pena se expor?
DEVO COMPARTILHAR TÁXI OU TRANSPORTE DE APLICATIVO COM ALGUM COLEGA DE TRABALHO?
Neste momento, Beatriz Gorisch, ressalta que ainda não é seguro compartilhar o táxi ou transporte via aplicativo. O ideal é alugar um veículo ou utilizar o carro próprio.
Caso não seja possível, a orientação é seguir sozinho e no banco de trás, evitando qualquer tipo de proximidade com o condutor do veículo. Além do uso da máscara, que é indispensável em qualquer situação, o motorista deve disponibilizar álcool em gel dentro do veículo. Conversar o mínimo possível e deixar o veículo sempre ventilado com as janelas abertas, sem o uso do ar-condicionado, também fazem parte dos requisitos de segurança.
NO HOTEL, POSSO ME HOSPEDAR EM UM QUARTO COM OUTRO COLABORADOR?
Para garantir a segurança do viajante, o cenário ideal em tempos de pandemia é que cada colaborador fique hospedado em um quarto individual. Algumas redes de hotéis não estão permitindo hospedagens em apartamentos duplos, somente membros da mesma família. Muitas empresas também aderiram à hospedagem individual em sua política de viagens.
Na hora de reservar o hotel, é importante observar se o estabelecimento segue as práticas recomendadas pelas autoridades competentes. O local deve adotar equipamentos de proteção individual (EPI) para todos os colaboradores e higienização constante de áreas de toque, incluindo maçanetas de portas, corrimãos e balções de recepção. Para que os consumidores se sintam seguros ao viajar, o Ministério do Turismo criou o selo Turismo Responsável, identificando estabelecimentos que cumprem protocolos oficiais de prevenção da Covid-19.
COMO ESTÃO AS VIAGENS DE AVIÃO DURANTE A PANDEMIA?
De acordo com a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), as aeronaves da frota brasileira contam com um sistema de filtragem que renova o ar a cada 3 minutos e captura cerca de 99% das partículas do ar. Porém, o uso da máscara é indispensável durante todo o voo.
O embarque é feito por categorias para evitar aglomerações e após o pouso, o passageiro deve permanecer sentado até que seja autorizado a se levantar e deixar o avião seguindo a orientação da tripulação. Os serviços de bordo estão suspensos. As companhias aéreas informam que as aeronaves passam por processos rigorosos de limpeza e desinfecção.
Sempre que possível, a dica é efetuar o chek-in online, evitando aglomerações em filas no aeroporto. No embarque e desembarque da aeronave, as companhias orientam os passageiros a respeitarem o distanciamento social.
É bom lembrar que não é permitido embarcar com álcool líquido nos voos.
DEVO REAVALIAR A POLÍTICA DE VIAGENS DA MINHA EMPRESA NESTE PERÍODO?
Beatriz Gorisch explica que, para a segurança do viajante e da empresa, é essencial criar uma cartilha de normas de segurança e aplicá-las em suas políticas internas. “A companhia pode tanto rever sua política de viagens como criar um adendo para situações como a que estamos vivendo atualmente”, explica.
Uma pesquisa realizada pelo GBTA – Global Business Travel Association demonstrou que 56% dos gestores de viagem alterou as políticas de viagens devido à pandemia. As mudanças envolvem principalmente novas regras de aprovação pré-viagem, briefings mais detalhados, coleta de informações sobre a saúde dos funcionários e novas regras de bilhetes emitidos e não utilizados.
HÁ ALGUMA TECNOLOGIA QUE PODE AJUDAR AS EMPRESAS A LIDAREM COM ESTE MOMENTO?
É essencial ter um sistema tecnológico de gestão de viagens onde as políticas são parametrizadas de acordo com o perfil da empresa. A ferramenta permite que todos os processos – desde a solicitação até a autorização da viagem – sejam registrados. “Assim é possível ter controle da localização dos funcionários, sendo esta uma ferramenta primordial na prática de duty of care (dever de cuidar)”, detalha.
Para qualquer solução ser eficaz, é fundamental que a empresa centralize o canal de reservas e solicitações de viagens corporativas. “Reservas feitas em canais aleatórios fazem com que a empresa não tenha a gestão dessa viagem, não localize o colaborador com facilidade e tão pouco entenda os motivos da sua viagem.” Com um sistema específico, é possível avaliar as escolhas realizadas, localização e período de viagem do colaborador”, detalha Beatriz. O sistema da TripService, por exemplo, pode padronizar a obrigatoriedade do preenchimento do número de celular do colaborador. Isso facilita a comunicação interna e oferece um canal direto para apoio e suporte.
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